Prefeitura Municipal apresenta projeto à Comissão de Mobilidade

24/06/2013 16:18

Lino Fernando Bragança Peres, coordenador do Grupo de Estudos da Mobilidade Urbana (Gemurb), discute projeto de duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira. Foto: Mayra Cajueiro Warren/AI/GR/UFSC

A Comissão de Estudos de Transporte e Mobilidade da Universidade Federal de Santa Catarina e Bacia do Itacorubi (CETM/UFSC) promoveu, na manhã de sexta-feira (21), a segunda sessão pública para apresentação e debate de projetos. O projeto elaborado pela Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF) inclui uma nova proposta para a duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira, incluindo faixas exclusivas para o transporte público e duas faixas de ciclovia.

A nova proposta foi apresentada por Lírio José Legnani, engenheiro civil e autoridade de trânsito do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf). Esse foi o segundo projeto apresentado à comissão que, a partir dos estudos e diagnósticos técnicos e acadêmicos expostos, elaborará uma proposta com diretrizes e informações para auxiliar o processo de decisão do Conselho Universitário (CUn). A Portaria nº 369/2013/GR, que criou a CETM, estipulou prazo de 180 dias, contados a partir de 20 de março, para apresentação de relatório conclusivo dos trabalhos da comissão.

O projeto atual da PMF inclui pistas separadas por canteiros para o transporte público, além de ciclovias nos dois sentidos, pistas duplicadas para automóveis trafegando também nos dois sentidos e integração desse modelo desde a Via Expressa até a entrada do bairro Córrego Grande. As ciclovias estariam interligadas àquela já existente na Avenida Beira Mar Norte e a uma ciclovia ainda incompleta na Avenida Madre Benvenuta.

Lírio José Legnani, engenheiro civil e autoridade de trânsito do IPUF. Foto: Mayra Cajueiro Warren/AI/GR/UFSC

O engenheiro afirmou que foram pensados acessos facilitados de pedestres aos ônibus e embarque e desembarque seguros. “O projeto só é seguro se o engenheiro tem coragem de mandar seu próprio filho ou mesmo a sua mãe atravessar a rua. Se não oferece esse nível de segurança, não serve para a cidade”, afirmou Legnani.

A apresentação da Prefeitura reuniu dados referentes à concentração urbana e ao crescimento populacional e da frota de veículos da capital e das cidades que formam a Grande Florianópolis. Segundo Legnani, o crescimento populacional da cidade, entre os anos de 2000 e 2010, foi de 23,24%, mais de 10 pontos percentuais acima do crescimento demográfico brasileiro no mesmo período. A frota de veículos nos quatro maiores municípios da região metropolitana (Biguaçu, Florianópolis, Palhoça e São José) também cresceu consideravelmente e chega hoje a quase 500 mil. “Por isso sentimos essa pressão muito grande nos nossos centros urbanos”, justificou Legnani.

Pelo projeto da PMF, a Rua Deputado Antônio Edu Vieira teria 30 metros de largura, o que potencialmente ocasionaria desapropriações na área. Essa é uma das grandes preocupações dos grupos comunitários do Bairro Pantanal, também presentes na sessão. A vice-presidente do Conselho Comunitário do Pantanal (CCPAN), Albertina de Souza, indagou a comissão quanto ao impacto social nas áreas com maior densidade populacional na Edu Vieira. “Queremos saber se esses estudos existem e o que vai acontecer nessas regiões da avenida onde moram muitas pessoas”, questionou.

Ações emergenciais também estariam previstas

Além do projeto de duplicação, a PMF apresentou opções emergenciais nos bairros Saco dos Limões e Trindade, que, segundo Legnani, precisariam acontecer antes ou simultaneamente às obras na Edu Vieira. “Um projeto como esse que estamos discutindo leva de um a dois anos para ser concluído. Acarreta fechamento de pistas e mais congestionamento. Por isso precisamos realizar simulações, testes virtuais com a engenharia de tráfego e algumas obras importantes devem preceder essa obra principal”.

As medidas apresentadas sugerem melhorias para gargalos nas interseções e rótulas de acesso ao campus nas ruas Capitão Romualdo de Barros, Desembargador Vitor Lima, Delfino Conti, Lauro Linhares, no entorno da Praça Santos Dumont e na Rua Professora Maria Flora Pausewang. Outros acessos próximos à UFSC que possuem grande volume de tráfego e que também sofreriam alterações seriam o acesso ao bairro Serrinha na Rua Desembargador Vitor Lima e a Rua José Brognoli, no Saco dos Limões. As prioridades de execução, segundo Legnani, seriam as obras na Rua José Brognoli, que já estariam em processo de licitação, com a próxima atenção voltada à Capitão Romualdo de Barros.

Segundo o representante do IPUF, essas obras estão acontecendo independentemente da duplicação da Edu Vieira. “Temos pressa, queremos realizar rapidamente, mas temos que passar pelo processo de licitação, que pode levar semanas ou meses”, explicou.

Pontos de gargalo também na discussão da Comissão

Após a apresentação do Ipuf, a comunidade presente pôde direcionar suas perguntas à coordenação da CETM e à Prefeitura Municipal. Muitos pontos do projeto que foram discutidos no debate ainda dependem de decisões da comissão, como o desenho da via na entrada na Edu Vieira que dá acesso aos prédios de Engenharia e da Reitoria e a solução para a poluição sonora causada pelo excesso de veículos. Outro item discutido foi a construção de um semi túnel e do bulevar, que fizeram parte do projeto apresentado pelo Prof. Lino Fernando Bragança Peres, coordenador do Grupo de Estudos da Mobilidade Urbana (Gemurb), na última sessão pública, realizada em 28 de maio.

Os membros da comunidade acadêmica e da própria comissão também falaram da adaptabilidade a diferentes modalidades de transporte público além do ônibus e do sistema de ônibus rápido BRT. Falou-se também de um possível teleférico, que está em fase embrionária de estudos pela Prefeitura e pelo Ministério das Cidades, do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que também foi sugerido na última sessão, e da integração multimodal entre usuários de ônibus e ciclistas, com ônibus adaptados para também transportarem bicicletas.

“O modelo de transporte para a cidade deve estar refletido na Edu Vieira. Precisamos valorizar os passeios públicos e ciclovias. Não podemos cometer os mesmos erros priorizando o transporte individual, o automóvel”, afirmou Manoel Arriaga de Castro Andrade, arquiteto e coordenador técnico da CETM.

O coordenador executivo da CETM, Carlos Roberto Vieira, lembrou que toda a atuação da comissão está sendo pautada pela Lei nº 12.578/2012, que institui a Política Nacional de Mobilidade. “A lei prevê uma série de ações que priorizam a integração de modalidades no transporte e isso está sendo pensado”, complementou.

“Há uma grande dificuldade em construir um projeto de mobilidade no Brasil, onde sempre se investiu no transporte rodoviário, na aquisição de automóveis e no transporte de cargas por rodovias. É um aspecto da nossa sociedade que data desde os anos 50. Reverter esse pensamento agora é complicado e acarreta grandes discussões como esta”, justificou Vieira.

O representante do Ipuf, Lírio Legnani, acrescentou, ainda, que o custo de obras como as que se está pensando para o entorno da UFSC é alto, mas que os gargalos no trânsito também ocasionam prejuízos milionários. “Perdem-se hoje milhões de reais por ano com o tempo que as pessoas passam presas nos engarrafamentos. É grande o prejuízo da saúde pública com mortes no trânsito, mutilações, além do gasto de combustível e de manutenção de automóveis. O custo da obra é alto, mas acaba se pagando”, concluiu.

Mais informações: (48) 3721-4558 ou imprensa.gr@contato.ufsc.br.

Mayra Cajueiro Warren/Assessoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria/UFSC
mayra.cajueiro@ufsc.br