Estudo sobre fungos garante prêmio a estudante de biologia da UFSC

18/07/2014 15:49

João FranciscoNa hora de decidir para qual curso prestar vestibular, muitos alunos recorrem a livros, testes vocacionais e, é claro, à opinião de amigos e familiares. Foi o que fez João Francisco Souza, hoje aluno de Biologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Na época, o grande desejo do estudante era prestar a prova para o atual curso, mas ouvia muitas críticas sobre sua escolha. Foi um professor de Física que o fez ter convicção sobre sua escolha. “Eu o via dando aula tão apaixonado que decidi não abandonar uma paixão minha [a Biologia] pelo fato de ganhar mais ou menos dinheiro”, lembra Souza, um dos seis destaques do prêmio de iniciação científica da UFSC em 2013.

O discente ficou surpreso por ser um dos premiados. “Foi a primeira vez que participei como bolsista PIBIC. Foi inesperado!”, exclama o estudante, que finaliza a pesquisa em julho. Ele participou, durante um ano, das atividades do Laboratório de Micologia da UFSC, o Micolab, de forma voluntária. Notando o seu empenho e interesse, Elisandro Ricardo Drechsler Santos, professor do Departamento de Botânica e do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, concedeu a bolsa de iniciação científica ao aluno na primeira oportunidade que teve. “Ele já vem trabalhando comigo há aproximadamente dois anos. Por ser um aluno do curso noturno, essa bolsa proporcionou a oportunidade de seu crescimento profissional”, afirma o orientador. “O prêmio é muito importante, pois coroa todo o esforço e diferencial do João. Ele é muito dedicado e, em breve, fará muito mais. Estamos preparando publicações científicas que trazem à luz espécies [de fungos] que ainda não foram descritas”, comemora Elisandro Ricardo.

O estudante afirma que no começo não gostava muito da ideia de trabalhar em laboratório extraindo DNA. “Sempre gostei mais de taxonomia [ciência que classifica os seres vivos], mas gostei bastante da experiência. Consegui conciliar uma com a outra [o trabalho no laboratório com a saída a campo para coletar e classificar fungos] e gostar igualmente das duas atividades”.

O interesse sobre fungos atraiu o aluno na época em que o professor e atual coordenador da pesquisa premiada começou a lecionar sobre o tema em sala de aula. “Fiquei maravilhado com a forma como ele falava sobre os fungos. É um mundo fantástico, que pouca gente conhece e muitas vezes associa a doenças. Mas eles, os fungos, são de grande importância no solo, na alimentação e na fabricação de fármacos. Têm uma gama muito grande de aplicações na Micologia (ciência que estuda os fungos)”, explica com entusiasmo.

João pretende continuar pesquisando fungos e seguir a carreira acadêmica nesta área. “O que quero mesmo é trabalhar com o pessoal da universidade. Ser professor concursado”, planeja.

 

Saiba mais sobre a pesquisa
“Código de barras de DNA de macrofungos de Santa Catarina: uma nova abordagem para a identificação da micodiversidade catarinense”

O DNA é um composto orgânico com moléculas que contem instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento do corpo e que transmitem as características hereditárias a cada ser vivo. “Minha atividade é extrair o DNA destes fungos, sequenciar uma região específica, que é o ‘código de barras’, e adicionar essa sequência a um banco de dados internacional. Isso servirá futuramente para identificar espécies catarinenses”, explica João Francisco Souza, aluno do curso de Biologia. No reino Fungi – reino dos fungos – existem especificidades no processo de identificação dos grupos. “Algumas espécies são tão parecidas que não conseguimos diferenciá-las, por isso estes códigos de barra vão ajudar na garantia da representatividade da diversidade”.

A pesquisa do aluno contribui para o projeto nacional chamando BrBol (Brazilian Barcode of Life), que faz parte de uma ação internacional, o IBOL (International Barcode of Life), o qual, por sua vez, representa um esforço mundial para o reconhecimento da biodiversidade do planeta.