Universidade busca recursos para implantar ciclovias dentro e no entorno do campus em Florianópolis
Um sistema cicloviário que interligue todos os Centros de Ensino da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Florianópolis, com iluminação e sinalização adequadas. Esse é o projeto da Rede Cicloviária da UFSC que a Administração Central levou à Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF) na última terça-feira (9). O objetivo da reunião foi discutir parcerias que tirem do papel este e outros projetos de mais segurança e mobilidade no trânsito dentro e fora do campus.
A proposta integra, por meio de ciclovias e ciclofaixas, os bairros no entorno da UFSC (Trindade, Carvoeira, Serrinha, Córrego Grande, Pantanal, Santa Mônica e Itacorubi), chegando até o Centro de Ciências Agrárias (CCA). Segundo a Prefeitura Municipal, existe a possibilidade de ampliação dessa rede, chegando ao Horto Florestal, no Córrego Grande, e de disponibilizar na região o serviço de aluguel de bicicletas, o Floribike, que está em processo de licitação pela PMF.
“Acreditamos muito nesse projeto, por vários motivos: soluciona problemas antigos e tem a participação da comunidade; abarca um espaço com um grande número de ciclousuários; e causa um grande impacto positivo no meio acadêmico e na cidade”, enfatiza Roselane Neckel, Reitora da UFSC.
“Incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte não só é papel da universidade, como de toda a sociedade, por isso a relevância da inclusão da Prefeitura nesse processo. São muitos os benefícios da redução da dependência do automóvel, refletidos na saúde das pessoas, na sustentabilidade, na diminuição da poluição, da menor necessidade de mais estacionamentos e de redução nos frequentes engarrafamentos”, enumera a Reitora.
Além de apresentar o projeto ao Prefeito César Souza Junior, a Reitora levou solicitações que dizem respeito à jurisdição da PMF, nas vias de entorno da Universidade. Segundo Neckel, seriam mudanças que melhorariam o acesso e a segurança de pedestres e ciclistas. “Queremos que a Prefeitura intervenha nas faixas de segurança, efetuando recuo das faixas próximas às rotatórias e elevando as faixas em frente à Igrejinha, de forma a alertar os motoristas do frequente tráfego de pedestres”, enfatizou.
Mais de 10 km de ciclovias dentro da UFSC
A proposta de Rede Cicloviária da UFSC prevê 10,3 km de ciclovias e ciclofaixas, com custo previsto em aproximadamente R$ 2,2 milhões (Tabela SINAPI de agosto/2012). O projeto é fruto do trabalho de uma comissão formada por cinco professores de Engenharia Civil e uma professora de Arquitetura, além de dois estudantes, que juntos levantaram dados e conheceram trabalhos acadêmicos cuja abordagem era a mobilidade dentro da Universidade. Tudo isso culminou no projeto técnico efetuado por uma empresa terceirizada, com o acompanhamento da comissão.
“Tínhamos três pessoas na comissão, um professor e dois estudantes, que são ciclistas. Assim pudemos planejar tendo em vista as dificuldades que eles encontravam no dia a dia,” lembra o Professor do Departamento de Engenharia Civil Antonio Fortunato Marcon, que atuou como presidente da comissão.
O projeto foi patrocinado pelo Banco do Brasil e está pronto para ser executado, inclusive prevendo a sinalização completa e toda a iluminação da ciclovia, para que ela possa ser utilizada também durante a noite. “Esta ciclovia foi pensada para a locomoção dentro do campus pela comunidade acadêmica e para o uso de toda a cidade como área de lazer. São vias planas, em sua maioria, que visualizo como um espaço ideal de lazer nos fins de semana, inclusive”, explica o professor.
Diagnóstico da mobilidade
A comissão utilizou muitos dos dados levantados pelo Diagnóstico da Mobilidade da UFSC, de 2010 na montagem e justificativa da Rede Cicloviária. Segundo o levantamento, o meio de locomoção mais utilizado para deslocamento até a Universidade é o automóvel (56%), seguido por 23,3% que vêm de ônibus e 17,22% a pé. Apenas 1,74% dos entrevistados (professores, técnicos administrativos em Educação e estudantes) optavam pelo uso da bicicleta para chegar ao campus.
Outra descoberta da pesquisa indica que aproximadamente 30% das viagens até o campus são de menos de 3 km, o que explica a significativa porcentagem de pedestres. No entanto, mais de 45% das viagens é de até 5 km, distância que poderia ser feita facilmente com bicicleta.
Integração com outros projetos
A Rede Cicloviária da UFSC não é o único projeto da Universidade para melhorar a segurança e o conforto dos que circulam de bicicleta pelo campus. Existe também a Estação das Bicicletas, que prevê a construção de um novo prédio, próximo à Biblioteca Central da Universidade, com 230 vagas (particulares e gratuitas) de estacionamento para bicicletas, com armários e vestiário para os usuários.
Conheça o Projeto da Rede Cicloviária da UFSC
A maior parte dos 10,3 km da Rede Cicloviária é de novas pavimentações. Onde a ciclovia encontra vias públicas dentro da Universidade, optou-se pela implantação de ciclofaixas.
Também nas vias que cortam ruas e avenidas de grande circulação, como é o caso da Avenida Beira Mar Norte, foram projetadas elevações no asfalto que possibilitariam aos automóveis o alerta e a redução de velocidade.
Outra iniciativa projetada para controle de velocidade, só que desta vez dos ciclistas, foram as minirotatórias nos locais de conexão da ciclovia. Essas rotatórias, bem como os setores críticos da via, teriam pavimento em blocos de concreto para conduzir o ciclista a seguir com mais cautela.
Além da aplicação nas minirotatórias, os blocos de concreto serão colocados em todos os setores que demandem maior cuidado por parte dos ciclousuários. “Será usado o pavimento de concreto em quase toda a ciclovia, com exceção dos setores com blocos e de pontos específicos onde queremos utilizar o asfalto comum e o asfalto com borracha. O intuito é chamar a atenção dos usuários para as diferentes formas existentes de pavimento, inclusive educando na prática sobre a variedade de materiais e as finalidades para as quais eles são aplicados”, detalha Marcon.
São previstas, ainda, pontes (em madeira, concreto e metal), passarelas e a ampliação de estacionamentos para bicicletas. Segundo o professor, tudo foi pensado levando em consideração projetos anteriores, sempre com o intuito de educar. “Acreditamos que uma ciclovia na UFSC desse porte ajude a fomentar a cultura de andar de bicicleta, como lazer e como meio de transporte”, complementa.
“Em 1977 e 1978, quando foi construída a ciclovia da Beira Mar, ninguém usava. Com o tempo a cultura foi mudando e hoje ela é muito frequentada pela população de toda a cidade, além de ser ponto turístico”, ressalta Marcon.
Mayra Cajueiro Warren
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