Mastologista tira dúvidas sobre prevenção e tratamento do câncer de mama

29/10/2013 07:57

A mastologia é uma especialidade relativamente nova na medicina, voltada à saúde das mamas. Surgiu há cerca de 25 anos com o desenvolvimento de novas técnicas para o tratamento do câncer de mama. Braulio Leal Fernandes, médico mastologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) e vice-presidente da Regional Catarinense da Sociedade Brasileira de Mastologia, esclarece que ainda é pequeno o número de profissionais dessa área em Santa Catarina. Segundo ele, dos 40 médicos associados no estado apenas 16 são registrados no Conselho Regional de Medicina como mastologistas. Esse número reduzido é um dos motivos pelos quais a prevenção do câncer de mama começa nas consultas de rotina.

“A prevenção pode perfeitamente ser feita pelo médico da família, ginecologista, clínico geral, geriatra. Eles fazem o exame clínico da mama no consultório e encaminham para os exames de imagem. Se houver uma alteração, a paciente procura o mastologista, que é o especialista em fazer o diagnóstico e verificar se é o caso de fazer o tratamento ou não”, explica Fernandes.

O médico enfatiza que é preciso identificar pequenas alterações na mama e realizar os exames preventivos periodicamente. “Com o diagnóstico precoce temos condições de reduzir a mortalidade e também a agressividade do tratamento. Se o nódulo é pequeno, com menos de dois centímetros, temos chance de mais de 90% de cura”, ressalta.

O HU conta com três médicos mastologistas. Participam das atividades relacionadas às mamas também nove residentes de ginecologia e estudantes do quinto e sexto ano de Medicina. A equipe divide-se em atividades de diagnóstico, como a realização de ultrassonografias e mamografias, e procedimentos de punção de mama, para analisar os tecidos de nódulos e assim investigar lesões. Além disso, as cirurgias de retirada das mamas – mastectomias – e as reconstruções das mamas também são oferecida pelo HU.

Fernandes explica que a reconstrução pode ser feita tanto por um mastologista como por um cirurgião plástico. “Tanto um como o outro são habilitados pelo Conselho Federal de Medicina para fazer a reconstrução. Nada impede também de estarem os dois profissionais atuando ao mesmo tempo. Aqui no HU temos um bom convívio com a cirurgia plástica e costumamos encaminhar as reconstruções para eles, mas em hospitais que não contam com cirurgiões plásticos, são os mastologistas que fazem,” salienta.

Rotina de prevenção

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que mais de 52 mil novos casos de câncer de mama surjam em 2013. Fernandes acrescenta que 1,6 mil casos estão previstos para Santa Catarina e, por ano, no Brasil, a mortalidade chega a 10 mil óbitos. O médico reforça que, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, os procedimentos de prevenção começam a partir dos 20 anos de idade, com o exame clínico anual das mamas. Se não há sintomas, quando chegar aos 40 anos de idade, além do exame clínico, a mulher passa a fazer uma mamografia uma vez ao ano e permanece nessa rotina até os 69 anos, quando poderá ser avaliada a necessidade de continuar com as mamografias. Se não há suspeitas, ela pode passar a fazer os exames a cada dois anos.

“É importante lembrar que a incidência do câncer de mama aumenta com a idade. Existe comprovação científica que, dos 40 aos 69 anos a mamografia ajuda as pacientes com melhora de sobrevida, ou seja, ela salva vidas. Nesse grupo, a redução da mortalidade que a mamografia traz para as pacientes que desenvolvem o câncer é da ordem de 20 a 30%”, detalha Fernandes.

Essa rotina é recomendada para pacientes de baixo risco, que não têm qualquer queixa de dor ou nódulos nas mamas. Há um grupo menor, de alto risco – quem tem histórico familiar, biópsia de mama com alto risco de desenvolver câncer, obesidade, tabagismo, não pratica atividade física. Esse grupo precisa começar a prevenção com mamografias mais cedo.

“Quem tem casos na família em parentes de primeiro grau (mãe, irmã), que desenvolveu a doença na pré-menopausa, ou quem já tem nódulos e fez biópsia com achados que indicam que aquela mama tem um risco muito grande de vir a desenvolver câncer precisa de um acompanhamento mais intenso. É recomendado começar o rastreamento uns 15 anos antes do familiar acometido. Se a mãe teve a doença aos 45, a filha vai começar o acompanhamento aos 30”, destaca o especialista.

Homens também precisam estar atentos. Fernandes explica que já tratou casos de lesões em mamas masculinas no HU. “A maioria dos casos são ligados à herança genética. O risco de um homem com casos na família desenvolver câncer de mama é 6 a 8%, enquanto que o da mulher é 60 a 80%. Se não há a questão genética, as chances diminuem bastante”, compara. O especialista ressalta que portadores da ginecomastia – condição masculina que ocasiona o crescimento das mamas – têm risco aumentado de desenvolver o câncer em cerca de 6 vezes.

Também é possível prevenir o câncer de mama com alimentação saudável, atividade física, amamentação e combate à obesidade. Fernandes afirma que o aleitamento, que é recomendado manter de forma exclusiva até o sexto mês do bebê, pode continuar, com o benefício de reduzir o risco de câncer de mama para a mãe em torno de 4% por ano de amamentação. 

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