Bolsista de iniciação científica ganha prêmio por pesquisa sobre educação de jovens e adultos
Ganhadora do prêmio de destaque de iniciação científica da UFSC em 2013, Patrícia de Souza, estudante da nona fase de Pedagogia, considera que foi o tema da pesquisa que conseguiu sensibilizar os avaliadores. “Não vejo o prêmio como mérito meu; quem estava ali julgando os trabalhos entendeu a importância desta pesquisa. Me sinto muito honrada de estar trabalhando nela”, afirma. O estudo analisou a oferta para a educação de jovens e adultos (EJA) em Santa Catarina e suas políticas públicas.
O curso de Pedagogia da UFSC oferece uma disciplina de 72 horas sobre a EJA, na sexta fase. Sendo assim, o prêmio simbolizou uma vitória para que o tema tenha respaldo no curso. “A educação de jovens e adultos é uma possibilidade. Nem sempre se quer trabalhar com as séries iniciais ou a infantil. Necessitamos deste tipo de formação, pois existem pessoas analfabetas ou que não concluíram o ensino básico. E elas têm o direito de um ensino de qualidade”, defende a estudante.
Foi a orientadora, Maria Herminia Laffin, que convidou a aluna para participar da pesquisa. “Patrícia já havia atuado no PET de Pedagogia, portanto eu já conhecia o empenho e a seriedade de suas pesquisas acadêmicas”, elogia. Sobre a aluna ter recebido o prêmio de destaque de iniciação científica, a professora destaca o cuidado que a acadêmica teve na organização dos dados do estudo. “Para mim, ela fez um trabalho de fôlego ao sistematizar um grande número de dados da pesquisa”, destaca.
Patrícia acredita que a família foi o grande incentivo para continuar nos estudos. “Quando entrei na UFSC estava grávida e não sabia. Fiquei um ano fora de sala de aula. Se não fosse pelo meu marido, eu não teria continuado. É ele que me apoia em casa quando não estou”, conta. A estudante sempre teve interesse em ensinar e, com o decorrer do curso, só consolidou sua convicção a respeito disto.
Porém, o exercício da investigação, a partir da experiência com pesquisas científicas, também cativou a jovem pesquisadora. “A bolsa me proporcionou fazer um aprofundamento da disciplina dada em sala de aula e participar de muitas palestras e encontros. Agora, devido ao prêmio, poderei ir à Jornada Nacional de Iniciação Científica para falar sobre o tema que pesquisei para pessoas de todo o país”, fala com entusiasmo.
Patrícia garante que participar dos estudos na área científica é muito importante para os graduandos, como ela. “A bolsa só agregou. Nem tudo uma graduação dá conta de passar, então essas pesquisas são fundamentais para a formação do aluno. As pesquisas dão oportunidades que a sala de aula não consegue fornecer”, garante. Em 2014, a estudante finaliza o curso de Pedagogia e diz que não se vê distante de pesquisas científicas como as que desenvolve agora, mas que também pretende lecionar. “Acho a pesquisa muito importante, mas quero conversar com a realidade [a sala de aula] também”, planeja.
Saiba mais sobre a pesquisa
“Análise da oferta educativa nos sistemas públicos e privados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), como modalidade da Educação Básica em Santa Catarina”
A pesquisa desenvolvida por Patrícia de Souza, aluna de graduação do curso de Pedagogia, sobre a orientação de Maria Herminia Laffin, analisa a educação de jovens e adultos sob uma perspectiva qualitativa e quantitativa. No primeiro ano da pesquisa, que começou em agosto de 2012, foi elaborado um questionário, que foi enviado para 205 instituições das redes públicas de ensino. O objetivo era obter dados sobre a oferta de ensino de jovens e adultos (locais de atendimento, número de alunos) e docência (formação, questões salariais).
O estudo foi feito em parceria com a Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos. A agenda é uma ação conjunta do poder público e da sociedade civil, com a formação de comissões regionais com o objetivo de firmar um pacto social visando melhorar e fortalecer a educação deste público.
A orientadora, Maria Herminia Laffin, destaca a importância do tema da pesquisa. “Ainda precisamos lutar e garantir o direito constitucional à educação para jovens, adultos e idosos, como obrigação da oferta da rede pública de ensino”, explica.A próxima fase do estudo consiste na análise destes dados. “Vamos nos fundamentar na teoria para entender melhor o que estas respostas querem dizer”, afirma a jovem pesquisadora Patrícia Souza.