Pensar ao contrário. Foi a tática de Deborah Santos de Assis Liguori para decidir para qual curso iria prestar o vestibular. Filha de pai italiano e mãe brasileira, Deborah se mudou para o Brasil quando tinha 16 anos, mas sempre teve contato com as duas culturas. A mãe da estudante nunca deixou de falar em português com ela. “Tive a sorte que alguns filhos de duas culturas não têm: meus pais investiram nas duas e não deram prioridade somente para uma delas”, conta. Deborah foi uma das seis estudantes da UFSC que receberam o prêmio “Destaques da Iniciação Científica de 2013”.
Por não saber como funcionava o sistema de vestibular, ela explica que teve dificuldades ao enfrentar o concurso. “Tive bloqueio. Tentei três vezes”. Na primeira tentativa, escolheu o curso de Arquitetura. Foi na preparação para a prova do ano seguinte que Deborah começou a pensar melhor no curso que gostaria de fazer. “Eu gostava de muitas coisas, foi difícil. Então, comecei a pensar na matéria que eu menos tinha aprendido – a Física”. Foi o professor do cursinho que a instigou. “Ele fez esta tal de Física ficar interessante”, relembra. Deborah confessa, porém, que teve receio de fazer o curso. “Fiquei com medo, pela dificuldade dos cálculos”. A segunda tentativa acabou não dando certo. Foi na terceira que a estudante encarou seu pensamento “ao contrário”. Mesmo nunca tendo ouvido falar sobre Florianópolis, prestou a prova do vestibular para a UFSC.
Por ter passado grande parte de sua vida escolar na Itália, Deborah acha que a relação entre professor e aluno aqui é muito diferente. “Estudava em uma escola na qual, para cumprimentar o professor, a gente tinha que levantar da carteira. O contato era bem menor. E trabalhar diretamente com o professor era uma coisa que não passava pela minha cabeça”, explica.
Ela era bolsista na secretaria do Departamento de Física quando decidiu participar de pesquisas científicas. “Eu trabalhava na secretaria e lá acabei tendo contato com todos os alunos e professores. Isso abriu uma porta pra mim; todos me conheciam e conheciam meu trabalho. Um dia, uma aluna de doutorado falou que estava na hora de colocar a mão na massa”, conta. Por ser aluna do curso de licenciatura, Deborah achou que teria dificuldades no laboratório. “Acabei descobrindo que a maioria das pessoas do laboratório era formada em licenciatura”, diz. Com o tempo, foi aprendendo a usar os equipamentos e se envolvendo com as pesquisas. Ela considera a experiência no laboratório muito importante.
O professor e orientador da pesquisa de Deborah, Ivan Helmuth Bechtold, ressalta o grande interesse da aluna nos projetos realizados no laboratório. “Deborah é uma aluna muito dedicada, sempre foi muito curiosa, o que é uma virtude dela. O estudante que não tem curiosidade com o que está trabalhando não está pensando em aprender algo que sirva para o seu futuro”, afirma. A aluna já vem fazendo disciplinas do bacharelado desde o seu ingresso na UFSC.
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