O câncer da próstata, principal alvo da campanha do Novembro Azul, celebrado internacionalmente como o Movember, é uma doença silenciosa, que só pode ser diagnosticada por meio de exames específicos. Se encontrado nas fases iniciais, tem boas chances de ser tratado.
Eduardo Deves, médico do Hospital Universitário e assistente da disciplina de Urologia no curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, considera a campanha um estímulo inicial para que homens tornem a visita ao urologista, especialista do trato urinário e do sistema reprodutor masculino, uma rotina. “O Novembro Azul é importante, porque o câncer da próstata não tem nenhum tipo de prevenção. O que existe é o diagnóstico precoce. No Brasil, se diagnosticam geralmente tumores avançados, que causam mortes. Quando é avançado, não tem como curar, só bloquear o crescimento do tumor. E é mais oneroso tanto para o paciente como para o Sistema Único de Saúde (SUS)”, aponta o especialista.
A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e acima do reto. Ela ajuda na produção do sêmen, que carrega os espermatozoides durante a ejaculação. Alterações da próstata são constatadas pelo exame do toque retal e pelo exame de sangue PSA (antígeno prostático específico).
Informações divulgadas pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que o número de homens que procuram o médico para acompanhamento da próstata ainda é pequeno: 44% nunca foram ao urologista. Buscar o especialista e realizar os exames preventivos é importante principalmente devido ao lento desenvolvimento da doença.
“O câncer de próstata, diferentemente de outros cânceres, tem uma evolução mais arrastada. Ele não é tão letal nas fases iniciais e, nessas etapas, quando ele é passível de cura, não há sintomas. Ele é o primeiro tipo de câncer em incidência entre os homens, mas o segundo em causa de morte. Isso quer dizer que temos bons métodos de tratamento. Geralmente, entre o diagnóstico e a morte pelo câncer, pode ocorrer um período médio de 10 a 15 anos, dependendo do subtipo do câncer”, explica Cristiano Novotny, urologista do HU que também atua no curso de Medicina da UFSC.
Novotny ressalta que o hábito de cuidar da saúde é importante, independentemente da prevenção ao câncer. “As principais causas de mortalidade entre brasileiros e catarinenses se devem às doenças cardiovasculares. É essencial começar os cuidados com a avaliação de riscos cardíacos”, enfatiza. O médico recomenda que homens façam visitas anuais ao cardiologista e passem a frequentar o consultório do urologista a partir dos 40, 50 anos, dependendo do grupo de risco em que se encontram para o desenvolvimento de doenças da próstata.
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