Pesquisador recebe prêmio nacional de crítica literária

08/08/2013 17:38

Reitora Roselane Neckel, Alexandre Nodari, seus pais, os professores Rubens e Eunice Nodari e seu orientador, o professor Raúl Antelo. (Foto: Mayra Cajueiro Warren – AI/GR)

“Um profissional de até 35 anos, cujo trabalho represente um novo paradigma em sua área”. É assim que a Fundação Bunge define o prêmio na categoria “Juventude”, entregue desde 1955 para incentivar a inovação nas mais diversas áreas do conhecimento. Na edição deste ano, o contemplado foi o pesquisador Alexandre André Nodari, catarinense, 29 anos, graduado e pós-graduado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Alexandre é natural de Florianópolis. Quando menino, foi morar com os pais nos Estados Unidos por três anos e meio, sendo inclusive alfabetizado naquele país. Essa experiência, segundo sua mãe, Eunice, o ajudou a ter uma visão de mundo diferente.

Quando retornou a Florianópolis, Alexandre formou-se em Direito na UFSC, mas decidiu mudar seu foco na pós-graduação. Concluiu o mestrado em Literatura e o doutorado em Teoria Literária. O pai, Rubens, e a mãe, Eunice, são professores da Universidade e falam com orgulho da decisão do filho de abandonar a linha de pesquisa da graduação e seguir sua paixão pela Literatura.

“Nós sempre o apoiamos, inclusive nessa decisão. Ele lia muito, desde jovem, amava os clássicos e era muito dedicado. Chegou até a criar um ‘Clube da Poesia’ quando era estudante secundarista. Eles organizavam na escola uma espécie de ‘varal literário’”, explica a mãe. Seu pai atribui o sucesso do filho ao fato de ser um questionador. “Essa indignação dele com relação às coisas, o fato de não se contentar com explicações casuais. O Alexandre sempre teve essa posição crítica em relação aos valores da sociedade”, complementa Rubens.

A orientação no mestrado e doutorado ficaram por conta do professor Raúl Antelo, que classifica Alexandre como um estudante seguro e confiante. “O reconhecimento de Alexandre chegou em boa hora e é a vitória do dispêndio”, declara. “Alguém que se formou em Direito e, por não se identificar com uma posição meramente técnica, foi buscar mais. Ele não acumulou títulos na mesma área em que iniciou, e isso para alguns significa fracasso. Mas eu acredito que é isso que faz uma autêntica experiência universitária: interesse, profissionalismo, pesquisa rigorosa e criativa. Isso infelizmente às vezes se perde no sistema contemporâneo da universidade de massas”, discorre o professor.

Alexandre recebeu com surpresa a notícia de que seria premiado. O prêmio Fundação Bunge não foi algo para o qual ele se inscreveu. Os participantes são indicados por uma banca de pesquisadores de uma área específica, que muda a cada ano. Neste ano, especialistas da área de crítica literária indicaram e selecionaram Alexandre como destaque. Em 26 de julho, a premiação foi anunciada em uma solenidade no Tribunal de Justiça de São Paulo, que contou com a participação da reitora Roselane Neckel e de outros reitores das principais universidades brasileiras, além de representantes de entidades científicas.

“Tradicionalmente a maioria dessas premiações vai para universidades do Sudeste. Foi um sentimento de muita felicidade ouvir o sobrenome ‘Nodari’, que eu já conhecia dos corredores da UFSC”, comemorou a reitora durante a cerimônia de entrega do certificado de premiação, realizada na última segunda-feira (5). “Além de todos os méritos que o Alexandre merece, fica aqui registrado o reconhecimento também aos pais e a todos dos nossos programas de pós-graduação. É um momento de muita alegria e orgulho, um trabalho de construção coletiva e um exemplo a ser seguido pelos nossos jovens pesquisadores”, acrescentou a reitora.

A entrega oficial acontecerá em outubro, em São Paulo. Além de diplomas e medalhas, Alexandre receberá R$ 50 mil como reconhecimento pelo seu trabalho. Segundo informações da Fundação Bunge, o pesquisador impressiona pela “produção intensa, grande capacidade de discussão teórica e amplo domínio de bibliografia sobre cultura brasileira”.

Além da extensa lista de pesquisas realizadas, Alexandre é responsável pelo panfleto político-cultural Sopro, publicação que edita também com a esposa e pesquisadora Flávia Cera. O Sopro é publicado pela editora Cultura e Barbárie, da qual Alexandre também é cofundador e coeditor. Além disso, Alexandre ministra aulas em cursos e seminários de pós-graduação em universidades brasileiras e estrangeiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de Buenos Aires. Para o pesquisador, o trabalho colaborativo que realiza é sua grande inspiração. Nos planos para o futuro está o foco na editora, na realização de pesquisas independentes e a na manutenção dos laços com a UFSC.

Emocionado, o pesquisador agradeceu o apoio de seus pais, de sua esposa e de seu orientador e deixou uma mensagem às gerações futuras: “O pensamento não é privado, não tem dono nem assinatura. Em cada linha escrita, há o sangue e o suor (o corpo) de todos aqueles que direta e indiretamente cruzaram conosco, tanto daqueles que nos antecederam quanto daqueles que nos sucederão, tanto dos humanos quanto dos não-humanos, tanto dos seres reais quanto dos imaginários e mesmo dos inexistentes, em suma, de todos aqueles que criaram conosco um espaço intersticial, espaço que podemos chamar de Utopia – ou, então, de mundo. Ser é sempre ser-entre, assim como amar é sempre ser-dois e não a fusão no Um. ‘Existir é diferir’ – pra começar, de si mesmo”.

Acesse também:

Currículo Lattes – Alexandre Nodari

Fundação Bunge

Cultura e Barbárie Editora

Panfleto Político-Cultural Sopro

 

Mayra Cajueiro Warren

Assessoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria

mayra.cajueiro@ufsc.br / imprensa.gr@contato.ufsc.br

48-3721-4558