Café Pedagógico abordou o tema “Arte, Infância e Práticas Educativas em Museus”

15/10/2013 17:22

A Secretaria de Cultura da UFSC (SeCult) promoveu, no dia 11 de outubro, a palestra “Arte, Infância e Práticas Educativas em Museus”, ministrada por Ana Angélica Albano, professora da Unicamp.  O evento, que faz parte da série “Café Pedagógico”, foi um espaço para discussão sobre o papel dos professores e responsáveis pelos serviços educativos de museus; as experiências neles realizadas; as propostas educativas para alunos e as parcerias com professores. Cerca de 80 pessoas participaram do evento e puderam refletir sobre a mensagem da palestrante. “É necessário enfrentar o desafio de atravessar as fronteiras entre a escola ( território da palavra) e o museu (território da imagem). Proponho uma reflexão sobre o poder da contemplação da imagem como o primeiro passo nessa travessia”.

Um velho camponês da Calábria, sentado diante de um sarcófago etrusco, em uma sala vazia do museu romano de Villa Giulia,  desperta a atenção do vigia: “O que estará vendo nessa estátua?”, pergunta-se o guarda;  e, como não entende, não ousa retirar-se, temendo que de repente aconteça alguma coisa ali, naquela manhã que começou como todas as outras, e acabou sendo diferente. Mas tampouco ousa entrar na sala, contido por inexplicável respeito. Continua à porta, olhando o velho,  que,  alheio a sua presença,  concentra o olhar no sepulcro, sobre cuja tampa se reclina o casal humano. 

José Luiz Sampedro inicia O Sorriso Etrusco descrevendo esse momento de contemplação silenciosa, e, ao longo da narrativa, vai revelando o impacto provocado por aquela visão, capaz de fazer o velho refletir sobre a vida e sobre como encarar a própria morte:  “Os etruscos estavam rindo, estou dizendo. Gozavam até em cima da própria tumba, você não percebeu?… que gente!”.

Para a professora, o espaço entre a escola e o museu é um elo entre um lugar onde se pode vivenciar uma experiência híbrida. Não basta levar os alunos a uma exposição para atender uma exigência curricular. É preciso, antes, que esse tipo de atividade faça parte do repertório do professor; que ele, como o velho camponês, já tenha se visto refletido em um sorriso etrusco e saiba, portanto, o valor da contemplação de uma imagem, sendo capaz de se emocionar com o vermelho de uma pintura ou com as curvas de uma escultura. É imprescindível, sobretudo, que compreenda que a arte nos fala de coisas que as palavras não dizem, levando-nos a espaços dentro de nós mesmos – a que não teríamos acesso de outra maneira. 

Sobre a palestrante

Ana Angélica Albano é licenciada em Desenho e Plástica pela Fundação Armando Álvares Penteado/SP (1972); mestra em Psicologia da Educação pela Universidade de São Paulo (1983); especialista em Cinesiologia pelo Instituto Sedes Sapientiae (1990) e doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (1995). Atualmente é professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP; coordenadora do grupo de pesquisa LABORARTE – Laboratório de Estudos sobre Arte, Corpo e Educação;  pesquisadora do Focus Group for Creativity in Education, da Fundação Marcelino Botín, Santander/Espanha (desde 2009) e do Imagination and Education Research Group/IERG-Simon Fraser University/Canadá (desde 2003). Implantou e coordenou projetos sociais de Iniciação Artística nas Prefeituras de São Paulo, Santo André e Diadema (de 1983 a 1997). Suas pesquisas estão focadas na observação de histórias de iniciação na arte de artistas e educadores.

Mais informações:

Fone: (48) 3721 4435

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Texto: Rogéria Couto