Grupo de apoio reúne pessoas que enfrentam assédio moral no trabalho  

26/11/2014 17:17

O Projeto de Extensão desenvolvido pelo Núcleo de Estudos do Trabalho e Constituição do Sujeito (NETCOS) promove pela terceira vez o grupo de apoio psicológico a pessoas assediadas moralmente no ambiente de trabalho. O objetivo da ação é propiciar aos participantes a compreensão do próprio problema e fazer com que desenvolvam estratégias para enfrentá-lo. As reuniões, que já começaram, acontecem toda terça-feira, às 18h, no Serviço de Atenção Psicológica da Universidade Federal de Santa Catarina (SAPSI/UFSC). Um total de cinco pessoas participa dos encontros.   

Antes de entrarem para o grupo de apoio, os interessados passaram por uma triagem. A coordenadora, Suzana Tolfo, explica que esse procedimento é fundamental porque avalia a situação de cada indivíduo. “Algumas pessoas chegam com o psicológico extremamente abalado e isso se manifesta de várias formas, inclusive com ações de hiperatividade, o que poderia prejudicar o desenvolvimento das reuniões”,ressalta Tolfo. Nesses casos a pessoa é aconselhada a buscar um acompanhamento individual mais específico.

De acordo com a psicóloga que também ajuda a coordenar o grupo, Priscila Pellegrini, apesar de passarem pela entrevista inicial, a permanência não é fácil, “muitos relatam que ao contar a sua experiência acabam revivendo as situações de humilhação e constrangimento e, por isso, nem todos continuam a frequentar as reuniões”, informou Pellegrini.

O grupo de apoio já desenvolve atividades há três anos e faz parte do projeto de “Combate e Prevenção ao Assédio Moral no Trabalho para a Promoção da Saúde do Trabalhador”, aprovado em 2010 pelo Programa de Extensão Universitária (ProExt). A inciativa é promovida pela UFSC, em parceria com diversas entidades: Fundação Getulio Vargas (FGV), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Fórum Saúde e Segurança do  Trabalhador no Estado de Santa Catarina (FSST/SC), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina (SRTE/SC/MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento de Mulheres Urbanas Trabalhadoras (MMTU/SC), Associação Catarinense de Engenharia e Segurança do Trabalho (ACEST/SC), Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Serviço Social da Indústria (SESI/SC) e Fundacentro/SC.

A equipe é formada por oito pessoas: dois bolsistas de iniciação científica, uma estagiária, um mestrando e dois doutorandos em psicologia, um administrador do Ministério do Trabalho e do Emprego e a psicóloga Suzana Tolfo.

Em 2013, o 3º Seminário de Prevenção ao Assédio Moral, que teve como tema central a “Discussão para o conhecimento e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e prevenção dos problemas ocasionados pelo assédio moral nas relações de trabalho”, reuniu diversos pesquisadores sobre o assunto na Universidade. O evento acontece a cada dois anos.

 

“Você se sente humilhado ou constrangido no trabalho?”

A resposta positiva a essa pergunta é o ponto inicial para constatar a ocorrência do problema. O assédio moral consiste em situações de humilhação e constrangimento impostas ao trabalhador de modo frequente. A repetição é a característica que diferencia esse tipo de violência de casos eventuais que acontecem no ambiente de trabalho. A cobrança por resultados é um exemplo: ela não se configura necessariamente em assédio moral, a não ser que seja feita com o intuito de causar dano físico e/ou psicológico ao funcionário.  

De acordo com Tolfo, em organizações privadas, é mais comum que essa perseguição moral aconteça de maneira hierárquica, o que não descarta a existência do assédio entre colegas de trabalho, ainda que este último seja mais frequente em repartições públicas. O assédio moral também pode ser cometido pela própria administração da empresa, que possui determinada cultura de represália aos funcionários, seja no incentivo a demissões com o propósito de não pagar multas rescisórias ou no estabelecimento de metas abusivas.

Essas e outras informações estão disponíveis no site  http://www.assediomoral.ufsc.br/ e também reunidas em uma cartilha elaborada com base nos objetivos do projeto.

Mais informações: vivencias.ufsc@gmail.com

 

Samantha Sant’Ana
Estagiária/Diretoria-Geral de Comunicação
samantha.s@grad.ufsc.br